segunda-feira, 12 de março de 2018

Endividamento

Se tem algo fundamental para quem se muda para outro país é o controle rigido sobre suas finanças. Israel ainda provê uma ajuda de custo pelos primeiros seis meses após a chegada do imigrante, para complementar o que foi trazido do país de origem, e para que no início o imigrante possa se dedicar aos estudos, sem grandes preocupações em trabalhar logo. A questão é que se trata de uma ajuda de custo, e não um salário, portanto, é necessário controle de gastos e não contar apenas com este recurso.
Lembro que todo o final de mês, as preocupações aumentavam em todos, pois o dinheiro ia acabando. Um mês em particular, julho de 2017, durante o interválo das aulas de hebraico, comentei com uma amiga que eu estava meio apertado de dinheiro e que teria que economizar ainda mais, no que ela me disse que estava com o saldo negativo. Foi um susto para mim, pois eu ainda tinha cerca de ₪900 para terminar o mês e estava preocupado (dos ₪ 2600 recebidos), pois teria que esperar cerca de 15 dias para receber outra parcela da ajuda de custo (chamada de Sal Klitá). Não falei a ela o quanto eu tinha.
Se ainda assim eu precisasse de recursos, eu acionaria o dinheiro que eu trouxe comigo, o que não foi o caso naquele momento, e em último caso, meus pais e amigos no Brasil poderiam aventualmente me socorrer, o que também não foi o caso. Mas quantas pessoas que imigram podem contar com essa ajuda?
Porém me chamou a atenção para algo que já me diziam desde o Brasil, que muitos imigrantes brasileiros, maravilhados com as diversas opções que Israel oferece, abusavam de gastos e depois não conseguiam honrar com os pagamentos destes, atrasando pagamento de tributos como a Arnona (algo parecido com o IPTU no Brasil, porém cobrado a cada 2 meses, e não no começo do ano, parcelado).
Soube por outros que ela se envolveu, inclusive, com agiotas e empréstimos bancários para lidar com sua situção que posteriormente se agravou. Um outro amigo, ao fazer uma compra pequena no supermercado, teve a autorização negada pela administradora do cartão dele. Felizmente ele pode pagar em dinheiro. São situações pelas quais eu não passei e não desejo a ninguém.
Digo isto pois também leio muitas advertências de um grupo de veteranos brasileiros aqui em Israel a respeito dos perigos de se endividar, de como economizar, de onde buscar ajuda antes que a divida seja iniciada, pois afinal de contas, não se pode julgar as pessoas pelo mal que lhes acomete, pois não estamos na situação delas para entendero que houve. Mas é recorrente o endividamento no país todo, e não apenas com brasileiros.
Dados a cerca do salário médio, apresentados pelo Escritório Central de Estatística
Tanto é que um dado divulgado pelo governo, a respeito do salário médio em Israel, está chamando a atenção negativamente. A publicação diz que o salário médio em Israel é de ₪12 mil, o que a princípio seria um bom salário, mas daí se levanta a suspeita sobre o cálculo feito, pois segundo reportagem do Canal 7 (Arutz Sheva, em hebraico) apontou, a maioria dos cidadãos passa ao menos um mês do ano com saldo negativo, informação obtida junto com o mesmo órgão que divulgou o salário médio, o Escritório Central de Estatística. Varios brasileiros, veteranos em Israel, também tem duvidado dos valores apresentados, pois descreditam que os salários sejam neste patamar, e que os altos salários da empresa de gás e eletricidade, e muitas multinacionais estejam afetando a percepção real da média. Do pouco que lembro de estatística, há o chamado ponto de mínima e ponto de máxima, onde ambos podem afetar o desempenho da média. Por exemplo, se somarmos os salarios de três pessoas e dividirmos por 3, teremos a média, mas suponhamos que uma destas pessoas receba 3x mais que os demais, isto fará com que o desempenho da médica aritmética seja enganador. 
É um dado preocupante, e mesmo numa economia muito mais dinâmica que a brasileira, que enfrenta dificuldades vindas da instabilidade política recente.
Há facilidade em se obter crédito, seja por empréstimo, ou com cartões de crédito, pois aqui é comum as pessoas terem vários, o que pode levar qualquer um a uma situação complicada. Lembro também que, apartir do momento em que uma dívida é protestada em Israel, o cidadão fica impedido de sair do país, não importanto o motivo, até a quitação ou resolução da dívida. O mesmo vale para extrangeiros. Dívidas, aqui, não são perdoadas!

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