segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Salário


Existe hoje em curso, em Israel, uma apreciação do salário mínimo. Um dos motivos é tentar diminuir as diferenças socioeconômicas existentes, porém também é reflexo do bom momento econômico no qual o país atravessa. No Brasil isto seria chamado de política assistencialista, visando diminuir a importância da ação, tendo em vista a forte divisão política vivida no maior país do hemisfério Sul. Como se as pessoas fossem pobres apenas por vontade própria. Enfim...
Claro que salários não são aumentados apenas com a força do pensamento. A estrutura política e governamental dos dois países é muito distinta. Talvez num futuro eu aborde com melhor propriedade a respeito.
Há, entretanto, algumas diferenças na característica do salário mínimo em Israel e no Brasil que quero chamar a atenção. A primeira é que no Brasil um trabalhador não pode receber menos que o mínimo, mesmo que não trabalhe as 44h/semana, porém em Israel sim. A diferença está que se o trabalhador israelense trabalhar em período integral e ainda assim seu salário for metade ou menos do salário mínimo, o sistema previdênciário daqui atua fornecendo um complemento para que o mínimo seja atingido.
Em muitos postos de trabalho se pode trabalhar meio período ou dias alternados, o que não é comum no Brasil, sendo portanto requisitados por quem tem uma outra ocupação pessoal ou profissional, mas nestes casos, a complementação de renda que eu citei não será fornecida.

Outro ponto interessante de notar é que nunca na história do Brasil o salário mínimo atendeu minimamente, ou próximo, as necessidades básicas da população. Aqui em Israel também não, mas está muito mais próximo.
No último dia 18 de outubro de 2017, foi anunciado o aumento do salário mínimo dos atuais ₪ 5.000 para ₪ 5.300. São 6% de aumento! Não é pouco este aumento, ainda considerando os suscessivos aumentos desde Julho de 2006, temos um incremento de 47,8% no poder de compra daqueles que vivem com esta remuneração. Este aumento será aplicado ao mínimo, as demais faixas salariais poderão ou não sofrer aumentos.

O mais impressionante deste aumento é se considerarmos que a inflação desde 2015 está negativa, ou seja, Israel sofre deflação econômica, conforme o gráfico d Banco Mundial, com a comparação da inflação no Brasil no mesmo período:

Note que o topo da taxa de inflação foi em 2008, provavelmente por influência da forte crise econômica que atingiu os EUA e posteriormente a Europa, porém vem numa tragetória de forte queda desde então. Mesmo a inflação de 2006, acima dos 2%, ocorreu provavelmente por causa da última Guerra do Líbano. Eu não encontrei o índice inflacionário deste período, porém se alguém souber como calcular juros compostos obterá o valor. Eu não sou das ciências exatas.
Para nós brasileiros, parece um sonho, especialmente se lembrarmos da inflação nos anos 80 e começo dos anos 90 que beirava os 20% ao mês, em decorrência do descontrole financeiro herdado da ditadura militar. E mesmo com o Plano Real, ainda não vivemos um período em que a inflação fosse abaixo dos 4% ao ano, e se sim, foi por pouco tempo.
Porém há consequências negativas num longo prazo taxas de inflação negativas, como apreciação da moeda local, o que acarretará em diminuição de exportações e aumento das importações, aumento da dívida externa e eventual recessão.
De qualquer modo, é sempre bom entender que números isolados podem dar uma falsa impressão. Mais do que o valor do salário mínimo, entenda que juntamente com os ganhos maiores vem também gastos maiores, como eu descrevi aqui, onde onde eu trouxe o salário médio familiar (cerca de 3 membros) no valor de ₪ 15.543, porém com gastos médios na ordem de ₪ 12.323.
Num futuro próximo abordarei a respeito do custo de vida.

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