quinta-feira, 29 de março de 2018

Tel Aviv, uma das cidades mais caras do mundo

Sairam recentemente diversas reportagens, e diversas línguas, a respeito das cidades mais caras do mundo para se viver. Chama a atenção que a única cidade no Oriente Médio entre as 10 mais caras é Tel Aviv, coração cultural e financeiro de Israel. É a 9° colocada!
Lembro ano passado, durante minha primeira visita a cidade, quando encontrei um amigo coordenador da viagem Marcha para Vida, e uma amiga que não via há uns 10 anos e que mora na cidade. Fiquei bastante impressionado com o custo de coisas simples, como uma garrafa d'água. Na ocasião, eu comprei uma, de 1litro para beber no caminho de volta, durante o forte verão daqui, e me custou ₪11, sendo que na cidade de Beer Sheva, onde morava, a mesma garrafa custava ₪6.
Em 2011, houveram diversos protestos no país reclamando justamente do alto custo de vida no país, mas de lá pra cá, o que se diz é que as coisas não melhoraram.
Um ponto precisa ser observado: a desvalorização do dólar frente a diversas moedas, incluindo o Shekel Novo, tem influenciado no aumento do custo de vida. A pesquisa se baseado na conversão em dólar dos produtos listados.

Na minha opinião, o maior custo é o de moradia. Dividindo aparamento com algum colega de quarto, o aluguel na cidade parte dos ₪ 2300, não incluindo os custo de manutenção predial (parecido com condomínio no Brasil), água, eletricidade e a Arnona (imposto municial, equivalente ao IPTU).
Não a toa muita gente tem optado por morar em cidades próximas, e eventualmente distantes, e viajam todos os dias para trabalhar. Há casos em que pessoas tem optado por morar em cidades a mais de 80km de distância e vão de carro, ônibus ou trem para o trabalho, todos os dias. Num pais que se tem pressa demais, e paciência de menos, morar num local maior e mais barato não é algo facilmente aceitável - e nem deveria ser.
Seria este um preço a se pagar por causa do seu próprio sucesso?
Para encerar, um vídeo do Nas Daily, fazendo uma demonstração do custo de vida em Israel  embora tenha se concentrado em Tel Aviv, frente ao antigo salário mínimo daqui, que na ocasião do vídeo eram ₪5000 (₪27/hora), e hoje são ₪5300 (₪30/hora).

quarta-feira, 21 de março de 2018

Dados de imigração

Há cerca de um mês foi divulgado números a respeito da imigração e de quantos sairam e não retornaram a Israel.
Os dados em questão mostram quantos imigrantes legais chegaram a Israel no período de 1º/01/1989 até 31/12/2012, ou seja, por 23 anos.
É um total de 1.330.340 imigrantes novos, sendo que destes, 144.628, ou 10,9% sairam de Israel e não retornaram. São considerados apenas os casos de não retornarem após 2 anós, quando para questões oficiais, é considerado não residente (embora a cidadania permaneça).
O que mais me chamou a atenção é o caso do Brasil. A saída de judeus do país rumo a Israel cresceu nos ultimos 3 anos, mas ficou abaixo do projetado para 2017 - se dizia que poderia passar as 900, e não chegou de 700, ficando uma numeração um pouco mais elevada se comparada com 2016. De todo modo, no período ilustrado, de 23 anos, 5.617 brasileiros imigraram para Israel, sendo que 1.426 sairam e não retornaram (taxa de 25,4%). Ou seja, a quantidade de brasileiros que chegou aqui em 23 anos não se compara com o de russos que chegam num único ano.
Um ponto que serve também para brasileiros compreenderem que o português tem pouca presença aqui é o fato de que neste período todo a quantidade de imigrantes não chega a 25% da imigração anual dos russos e ucranianos.
Outro ponto que me chama atenção é que os judeus do Brasil possuem uma das maiores taxas de evasão do país, que tem uma média de 10,9%, e de brasileiros em 25,4%. Não é possível apresentar os motivos, pois não é necessário ao cidadão, seja ele nativo ou imigrado, prestar informações a respeito.
O que deve ser feito é informar ao governo da sua saída, pois num caso de retorno, seja a turismo ou residência, não haja cobrança de pagamento de seguridade social atrasada, por exemplo. É algo parecido ao que no Brasil se faz junto a Receita Federal, a chamada Declaração de Saída Definitiva, que deve ser feita por cidadãos que pretendem permanecer mais de 12 meses no exterior, independentemente do motivo, e também serve para evitar taxação sobre ganhos de capital e salário no exterior, além de facilitar uma possível explicação ao Fisco sobre ganhos no exterior num caso de retorno a condição de residente. Se houve o desejo em retornar, em todo caso, entre em contato com o Ministério das Relações Exteriores e siga suas instruções para oficializar lo.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Endividamento

Se tem algo fundamental para quem se muda para outro país é o controle rigido sobre suas finanças. Israel ainda provê uma ajuda de custo pelos primeiros seis meses após a chegada do imigrante, para complementar o que foi trazido do país de origem, e para que no início o imigrante possa se dedicar aos estudos, sem grandes preocupações em trabalhar logo. A questão é que se trata de uma ajuda de custo, e não um salário, portanto, é necessário controle de gastos e não contar apenas com este recurso.
Lembro que todo o final de mês, as preocupações aumentavam em todos, pois o dinheiro ia acabando. Um mês em particular, julho de 2017, durante o interválo das aulas de hebraico, comentei com uma amiga que eu estava meio apertado de dinheiro e que teria que economizar ainda mais, no que ela me disse que estava com o saldo negativo. Foi um susto para mim, pois eu ainda tinha cerca de ₪900 para terminar o mês e estava preocupado (dos ₪ 2600 recebidos), pois teria que esperar cerca de 15 dias para receber outra parcela da ajuda de custo (chamada de Sal Klitá). Não falei a ela o quanto eu tinha.
Se ainda assim eu precisasse de recursos, eu acionaria o dinheiro que eu trouxe comigo, o que não foi o caso naquele momento, e em último caso, meus pais e amigos no Brasil poderiam aventualmente me socorrer, o que também não foi o caso. Mas quantas pessoas que imigram podem contar com essa ajuda?
Porém me chamou a atenção para algo que já me diziam desde o Brasil, que muitos imigrantes brasileiros, maravilhados com as diversas opções que Israel oferece, abusavam de gastos e depois não conseguiam honrar com os pagamentos destes, atrasando pagamento de tributos como a Arnona (algo parecido com o IPTU no Brasil, porém cobrado a cada 2 meses, e não no começo do ano, parcelado).
Soube por outros que ela se envolveu, inclusive, com agiotas e empréstimos bancários para lidar com sua situção que posteriormente se agravou. Um outro amigo, ao fazer uma compra pequena no supermercado, teve a autorização negada pela administradora do cartão dele. Felizmente ele pode pagar em dinheiro. São situações pelas quais eu não passei e não desejo a ninguém.
Digo isto pois também leio muitas advertências de um grupo de veteranos brasileiros aqui em Israel a respeito dos perigos de se endividar, de como economizar, de onde buscar ajuda antes que a divida seja iniciada, pois afinal de contas, não se pode julgar as pessoas pelo mal que lhes acomete, pois não estamos na situação delas para entendero que houve. Mas é recorrente o endividamento no país todo, e não apenas com brasileiros.
Dados a cerca do salário médio, apresentados pelo Escritório Central de Estatística
Tanto é que um dado divulgado pelo governo, a respeito do salário médio em Israel, está chamando a atenção negativamente. A publicação diz que o salário médio em Israel é de ₪12 mil, o que a princípio seria um bom salário, mas daí se levanta a suspeita sobre o cálculo feito, pois segundo reportagem do Canal 7 (Arutz Sheva, em hebraico) apontou, a maioria dos cidadãos passa ao menos um mês do ano com saldo negativo, informação obtida junto com o mesmo órgão que divulgou o salário médio, o Escritório Central de Estatística. Varios brasileiros, veteranos em Israel, também tem duvidado dos valores apresentados, pois descreditam que os salários sejam neste patamar, e que os altos salários da empresa de gás e eletricidade, e muitas multinacionais estejam afetando a percepção real da média. Do pouco que lembro de estatística, há o chamado ponto de mínima e ponto de máxima, onde ambos podem afetar o desempenho da média. Por exemplo, se somarmos os salarios de três pessoas e dividirmos por 3, teremos a média, mas suponhamos que uma destas pessoas receba 3x mais que os demais, isto fará com que o desempenho da médica aritmética seja enganador. 
É um dado preocupante, e mesmo numa economia muito mais dinâmica que a brasileira, que enfrenta dificuldades vindas da instabilidade política recente.
Há facilidade em se obter crédito, seja por empréstimo, ou com cartões de crédito, pois aqui é comum as pessoas terem vários, o que pode levar qualquer um a uma situação complicada. Lembro também que, apartir do momento em que uma dívida é protestada em Israel, o cidadão fica impedido de sair do país, não importanto o motivo, até a quitação ou resolução da dívida. O mesmo vale para extrangeiros. Dívidas, aqui, não são perdoadas!

segunda-feira, 5 de março de 2018

O judaísmo é de direta ou de esquerda?

Há tempos eu venho pensando na associação que atualmente se criou entre judaísmo e a direta no espectro político, ainda mais no Brasil dos últimos tempos. No Brasil, atualmente, muito se resume a esta pergunta, muito superficial e bastante tendenciosa.
Há, como facil e comumente ocorre, uma generalização. Não há dados estatísticos dizendo qual a porcentagem aproximada de judeus que sejam pró direita ou pró esquerda. Mas tendo um clube carioca recebido para uma palestra um dos personagens políticos dos mais caricatos, que há mais de 20 anos é deputado federal sem ter aprovado sequer uma lei, que dá declarações fascistas... Enfim, o currículo é extenso... Criou se a percepção de que o judaísmo é de direita.
Mal sabem que durante a ditadura militar brasileira, de 1964-1985, diversos personagens judeus foram vítimas das crueldades e torturas do governo militar da época, tendo seu expoente máximo no jornalista Vladimir Herzog - nascido na Croácia, fugiu dos horrores do Holocausto - e acabou morrendo nos calabouços do DOPS. Um dos maiores rabinos que o Brasil teve, e que colocou o judaísmo no mapa social brasileiro, Henry Sobel, tomou a decisão de não enterra lo na área dedicada a suicidas - pois naquele momento, foi furjado o suicídio de Herzog. Não se esqueçam também que nas eleições presidenciais americanas de 2016, o senador Bernie Sanders, que quase disputou o cargo contra Trump, é judeu e um típico defensor de direitos sociais.
Ainda hoje diversos personagens políticos da esquerda são judeus, como o ex governador do estado da Bahia, Jaques Wagner.
Porém, desde a redemocratização do Brasil, uma maioria aparente dos judeus estava mais alinhada com os conservadores, ou o centro político, em especial, o PSDB, quando este ocupava uma posição de centro-esquerda, como é de se esperar de uma "social democracia", até que passou a se associar ao PFL, um dos partidos remascentes de apoio aos ditadores. Diversos pensadores políticos davam sustentação a um partido que dava a sensação de ser diferenciado pela sua capacidade de argumentação elevada, tendo seu expoente máximo o ex presidente Fernando Henrique Cardoso, um sociólogo e professor. Em suma, um intelectual se tornou presidente do Brasil. FHC, alias, tem diversas homenagens feitas pela comunidade judaica do Brasil, como a de presidente hemérito do Centro da Cultura Judaica e tem uma placa em homenagem a visita que fez a Congregação Israelita Paulista, comandada a época pelo rabino Sobel. O mesmo não se repetiu com a visita do ex presidente Lula, e Dilma recusou os convites recebidos.
Desde a ascensão de Lula a presidência e a firmação da esquerda política no Brasil, embora seu governo tenha sido de fato de centro esquerda, vozes anti semitas, disfarçadas de anti sionistas, passaram a ganhar cada vez mais voz. Creio que muito mais em parte por conta do crescimento de redes sociais, como Orkut, Twitter e Facebook.
A presença de bandeiras palestinas em divesos protestos internos, como contra aumento de tarifa de ônibus ou até mesmo contra a corrupção, passaram a fazer parte do cenário. O paradoxal é ver a bandeira palestina em protestos contra a corrupção, como as de junho de 2013, sendo que tanto a OLP (Organização para Libertação da Palestina) como a ANP (Autoridade Nacional Palestina), são organismos dos mais corruptos, premiando até hoje, terroristas e familiares com gordos salários com o dinhheiro de doações, incluisive as brasileiras e americanas, sem contar que jamais fizeram uma eleição.
Isto foi ascendendo uma chama de alerta dentro da comunidade judaica, e muitos passaram, portanto, para um espectro político contrária da esquerda, assim como uma boa parte da sociedade brasileira. Não estou aqui fazendo julgamentos se os motivos são justos.
Eu, particularmente, sempre me vi como alinhado ao conservadorismo de verdade, tendendo a centro esquerda. E antes que eu alguém diga, não sou fã de Margaret Tatcher! Mas há anos o Brasil não tem representantes no centro, e nos últimos três anos, com o acirramento político crescente, uma parte consideravel da população voltou se para a direita política, e neste sentido, me senti lançado a esquerda - de forma um tanto quanto violenta, mas sem arrependimentos, tanto que de "coxinha" (apelido dado a quem é de direita no Brasil), passei a quase comunista, como muitos amigos meus acham que eu sou. Daí também minhas eventuais brincadeiras neste sentido, pois vermelho é a minha cor favorita, e adoro meu suéter vermelho!
Este meu alinhamento se mantém, pois eu não consigo ir contra a conquistas sociais, contra a criação de uma sociedade mais igualitária e respeitosa, e principalmente, me associar a uma política opressora, nazi/fascista, caduca, e que hoje até se orgulha do seu passado torturador.
Tanto pediram, e cá estamos!
Apesar de que é da esquerda (radical) que parte constantes ataques a Israel; não a sua política, bastante polêmica (eu concordo), mas a sua existência. Fiquei, inclusive, abismado com este texto que foi publicado a respeito da possível visita de Benjamin Netaniahu ao Brasil, ainda em 2017. Um texto lotado de ódio simplista, onde se baseia na literalidade do texto bíblico, com erros de interpretação absurdos, para se posicionar contra a visita. Se eu estivesse no Brasil, teria entrado com um processo judicial contra este ser que se define como jornalista. Nem mesmo pastores de igrejas evangélicas conseguem falar tantos absurdos bíblicos para destilar ódio gratuito de descarato como este cretino teve. Mas lendo o texto, não há um minimamente argumento plausível contra a visita. Lelê Teles, com o perdão do trocadilho, deveria se renominar "Lelé da Cuca" (gíria brasileira para definir uma pessoa louca). O absurdo foi tamanho que o texto foi removido, mas devidamente recuperado no link, para o "deleite" de vocês, meus caros leitores. Um jornalista mequetrefe, como este se auto define, passa a ser também um agente político, ajudando na criação de uma visão negativa.
Ou seja, num espectro ou outro, o judaísmo tem na atualidade, desafios a enfrentar, pois de um lado se questiona a existencia de um país para sua auto determinação, e de outro se alinha a aqueles que por tantos anos provocaram diversas fugas em massa, culminando no Holocausto.
Se é que é possível assim determinar, e estando a parte das peculiaridades da política nacional, eu diria que o judaísmo como um todo tende ao centro político, pois a cultura judaica não se envergonha de sua riqueza, não diz que é pecado enriquecer - ao contrário, tende a ser fruto de mérito e esforço. Porém as comunidades judaicas em praticamente todo o mundo prosperam justamente por haver uma contribuição para que seus membros consigam se reerguer, caso tenham sofrido algo, e que tenham a devida ajuda para que caminhem com seus próprios pés. Ou seja, todos tentam se ajudar na medida do possível, o que tende a diminuir as desigualdades entre os mais ricos e mais pobres. Aqui em Israel, por exemplo, mesmo os imigrantes que pouco falam a lingua local, conseguem uma posição de trabalho sem grandes dificuldades. Notem que falei do judaismo, e não de Israel!
A questão atual de muitos judeus brasileiros está contaminada com a lama tóxica em que a política nacional brasileira foi jogada. Espero, que num futuro breve, quem é de esquerda não seja "proibido" de possuir um Iphone, pois não se defende uma vida franciscana, bem como quem é de direita não se alinhe com pensamentos fascistas. Espero assim que todos recobrem seus pensamentos cheios de ódio e parem de bater no peito dizendo que tem razão, ou como o Lelé da Cuca disse, que traz a verdade. Só um tem a verdade, e não somos nós, prezados humanos, que a possuímos!

2 anos longe de muitos, mais perto de mim.

Já pararam para pensar que a vida de uma pessoa é como um livro, escrito em tempo real? Felizmente, ou não, jamais teremos acesso a totali...