São Paulo tem um hospital de referência internacional, o Albert Einstein, assim como Nova Iorque tem o Monte Sinai Beit Israel, como outros exemplos pelo mundo afora.
No Estado de Israel não é diferente. Na verdade, diversos avanços mundiais da Medicina vem daqui. Porém minha intenção não é exaltar a magnitude das pesquisas médicas daqui, tampouco falar sobre questões religiosas, e sim falar do sistema de saúde.
Assim como no Brasil, a assistência médica é pública, mas as coincidências param por aí. Por conta da Constituição 1988, a Jurisprudência tende a dar amplo e total favorecimento ao cidadão, a todo e qualquer custo, sem cobrar nada diretamente. Aqui, o entendimento é um pouco diferente. Algo público não é necessariamente gratuíto, e com a saúde não é diferente. O entendimento legal é que tem direito ao sistema público quem contribui para mante lo. Por exemplo, cidadãos que retornam a Israel (תוֹשָׁב חוֹזֵר, Toshav Chozer), tem um período de carência em atendimento não emergencial após voltarem a contribuir com o sistema de saúde. Isso foi instituído pois haviam os que retornavam a Israel, faziam algum tratamento, e depois iam embora, deixando a conta para o governo pagar.
Planos existentes com a % da população atendida |
Os planos básicos são iguais entre sí e não resultam em maior pagamento por parte da população. O governo define uma cesta de procedimentos e medicamentos inclusos e aqueles que poderão ter algum pagamento adicional a ser feito no momento do procedimento. Já os planos especiais tem suas diferenças e cabe ao cidadão optar por ele ou não e pagar diretamente ao plano de saúde o valor adicional que lhe foi informado, conforme faixa etária, em valores atraentes.
O cidadão tem o direito a trocar gratuitamente de plano a cada 6 meses e os planos são obrigados a aceitar, mesmo que seja um retorno. Para aqueles que optaram por planos superiores o prazo é o mesmo para voltar ao plano básico. A "dificuldade" é que caberá ao cidadão transferir o prontuário médico de um plano para outro. E se mudar apenas de residência, deve pedir a transferência do prontuário de um posto de saúde para aquele mais próximo ou conviente.
Pacientes só são atendidos diretamente em hospitais em casos de acidentes graves e claro risco de morte, senão ele será cobrado particularmente e os preços são bastante caros. Embora recentemente eu soube de casos de atendimento durante o Shabat, quando os posto de saúde estão fechados, e antes de ser cobrado, o paciente se dirigiu ao posto de saúde, explicou ao médico o que houve, e este emitiu um encaminhamento retroativo e não precisou pagar, mas são poucos os que sabem disso.
Outra possibilidade, durante o Shabat, é se dirigir aos postos de saúde privados, como da rede Terem. Durante o Shabat ou qualquer outra festividade, onde os postos de saúde estão fechados, eles atenderão normalmente cobrando valores muito baixos pela consulta e procedimentos, e em casos de encaminhamento para hospitais, cobrarão apenas pelo atendimento, pois os planos cobrem os custos hospitalares, e ao ser transferido, o mesmo será feito mediante autorização dos planos. Se for em horário convencional, os preços são mais elevados, mas como há problemas no serviço dos planos de saúde, cada vez mais estão sendo requisitados, e fazem atendimentos rápidos, acertivos e a população tem ficado satisfeita, exceto por pagar a mais.
Outro detalhe aqui é que quando se trata da primeira consulta, ela é sempre feita com o chamado médico da família, equivalente ao clínico geral. Ele fará uma avaliação prévia e em caso de necessidade encaminhará o paciente para tratamento com o especialista. E enquanto durar este tratamento, o paciente irá diretamente com este médico. Se precisar de outro tratamento, votlará ao médico da família, mesmo que esteja com outro tratamento sendo feito.
O tempo de espera para uma consulta geralmente é curto, quanto a exames poderá ser encurtado se o atendimento for feito em outro posto de saúde.
Hospital Soroka. Foto: Dr Avichai Teicher |
Os problemas no sistema público
Provavelmente por má gestão, os planos todos os anos precisam receber bilhões de shekels do governo para se manterem operantes. O mesmo vem ocorrendo com grandes hospitais.
Um problema recorrente é o mau atendimento por parte de funcionários receptivos, que em muitas vezes não demonstram muita vontade em cooperar com pacientes visivelmente enfermos. Como imigrante novo, ainda tenho dificuldade em agendar um exame via internet ou por telefone, e as recepcionistas podem fazer isto, mas já houve vezes em que se recusaram sem um motivo aparente.
O número de médicos é mais baixo que o necessário, gerando lacunas no atendimento. Eu mesmo precisei esperar meu médico voltar de férias pois meu caso não era emergencial.
Outro problema com médicos é que muitos reclamam que seus salários estão abaixo do que desejariam, e muitos tem apostado em clínicas médicas particulares, consiliando com o trabalho para os planos em Posto de Saúde ou Hospitais, mas em horários reduzidos, quando o fazem.
Enfim, é um sistema em geral bom, mas precisa de ajustes para se manter forte.
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