quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Milagre não. TRABALHO!

É muito comum dizerem que Israel é uma terra abençoada, por ter vencido todas as guerras nas quais foi colocada, e mesmo após 2 mil de perseguições, o judaísmo ainda vive, porém o que vejo é algo maior que milagre: é trabalho.
Milagre significa esperar uma ação divina e e usufruir dela, mas o judaísmo é uma religião que acredita em atividade da humanidade. Pedimos a D'us, mas também fazemos por merecer, afinal, são boas atitudes que transformam o mundo!
Minha (ainda pouca) experiência de trabalho em Israel mostra que o nível de esforço é elevado, ainda hoje, enquanto este país "surfa" numa boa onda da economia: crescimento do PIB na faixa de 4% constantes há quase 10 anos, taxa de inflação negativa nos últimos 3 anos, elevação do salário mínimo, elevação do salário mínimo dos professores, porém nada veio de graça.
Especialmente após a fundação do país, diversos trabalhos estruturais foram realizados, como captação, tratamento e distribuição d'água, geração de energia elétrica, por exemplo.
O ritmo de trabalho aqui é na faixa de 180 a 220 horas ao mês, o que gera um ritmo de trabalho de 9 a 10 horas diárias, 5 dias por semana, com 30 min de refeição. Claro que é possível já conseguir um emprego em sua área de atuação, mas o quanto de hebraico ela demandará e se sabe? Qual o seu nível de conhecimento em inglês? A demanda aqui é elevadíssima, não cabendo enrolações.
O imigrante novo normalmente vai trabalhar em ramos comuns de trabalho, como limpeza, operacionais, auxiliares de cozinha ou comércio. É preciso encarar como uma fase de adaptação, afinal, a barreira da língua impede melhores posições de trabalho. E de qualquer forma, aqui trabalho é trabalho, e precisa ser feito. Não existe, como no Brasil, discriminação social pelo cargo da pessoa. Ouvir algo como "Você sabe com quem está falando?", infelizmente ainda comum no Brasil, ou deboches sobre o trabalho que você realiza, aqui não existem.
Geralmente aceitar a primeira proposta de trabalho, ainda mais fora da sua formação, não é a melhor opção. É necessário avaliar se valerá a pena o esforço, se você será capaz de aprender algo de útil para sua vida e se lhe oferecem vantagens.
Eu trabalhei em hoteis no Mar Morto, e lá, geralmente, o restaurante dos funcionários era muito bom, incluindo até refrigerante, cerveja e sorvete a vontade para se servir. Também trabalhei como vendedor numa loja, e lá a vantagem é o desconto de 30% em compras que eu fizesse lá.
A minha recomendação, para eventuais futuros imigrantes, é prestar a atenção ao que dizem a respeito dos locais de trabalho, pois há sim abusos trabalhistas e promessas não cumpridas. Tanto que para se garantir, o melhor é ter tudo anotado em documentos, pois em certos casos, entrar na justiça impedirá novos abusos, além de uma possível boa indenização, porém é sempre melhor evitar a dor de cabeça.
Outra recomendação é vir com a mente aberta e compreender que um trabalho fora da sua área pode ser uma ótima forma de aprimorar sua capacidade de se comunicar e também compreender que praticamente todos neste país também trabalharam pesado.
E por último é aprender a se impor, sem ser ríspido, pois se você for bonzinho, como brasileiros costumam ser, vão colocar mais trabalho nas suas costas e isto não é bacana, mas acontece. Portanto, também se aprende a colocar limites para que todos trabalhem igual, e um não fique de forma folgada e o imigrante novo segurando todo o peso.

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