Digo isto pois é muito comum escutarmos e ou lermos associarem o judaismo com riqueza material, ou seja, acúmulo de capital, e daí dizerem que judeus são ricos e controlam o sistema econômico mundial. Os EUA tem exemplos de bancos ou instituições financeiras de origem judaica, como o Banco Goldman Sacks ou falido Lehman Brother's.
De fato, ao contrário do Catolicismo Romano, que enxerga no lucro um pecado, o Judaísmo enxerga como fruto de um trabalho bem feito; se trabalhei bem e solucionei um problema, mereço ser recompensado. De forma simplista, é isto!
Existem graus de elevação na forma de se fazer justiça social, baseado nas idéias do Rabino Moshé Ben Maimon, simplesmente Maiomônides ou também Rambam (הרמב"ם). Oferecer ajuda a quem lhe pede é a forma menos apreciada, pois da mesma forma que se deixou a pessoa numa condição onde ela está se humilhando por ajuda, quem ajuda pode estar querendo colher os louros disso, e esta é uma atitude da qual ninguém deve tentar tirar vantagem. É o tal fazer o bem sem olhar a quem. Um dos níveis mais elevados é a criação de institutos preparados para oferecer mais do que dinheiro ou comida, e sim condições para que no momento adequado a pessoa que está em dificuldade possa "caminhar com as próprias pernas". Isto tudo sem que niguém coloque sob sua cabeça os louros da justiça social.
Daí que se vê a origem de tantos projetos de ajuda social principalmente, mas também em outras áreas. Existem vários programas de ajuda de custo para judeus viajarem para Israel, como o Massa (significa jornada), para intercâmbio cultural, para reflorestamento, para ajuda humanitárias... Um dos mais famosos organismos é o KKL, hoje responsável por grande parte do florestamento de Israel, e apoiador de campanhas deste gênero no mundo.
Eu quis escrever a respeito quando li uma reportagem sobre o Ten Yad (traduzindo: "Dê a mão", no imperativo mesmo), uma instituição beneficente lotada em São Paulo, que ajuda pessoas em situação vulnerável a ter uma alimentação digna. E quando falo pessoas, incluo também judeus, afinal, a riqueza judaica, como tentei expressar aqui, está no espírito de ajudar a coletividade, e não em possuir dinheiro. Existe uma falsa ideia de que judeus não passem por necessidade. Mas com mais de 4 mil anos de história, e formando um grupo religioso de aproximadamente 17 milhões de pessoas pelo mundo, há que se reconhecer a vitória de quem resistiu a diversos impérios, como o Egípcio, Babilônico, Persa, Grego, Romano, Bizantino, Turco Otomano entre outros, e sempre sendo um grupo pequeno, porém muito unido.
Outro projeto muito bacana, reconhecido internacionalmente, é mantido pela minha sinagoga em São Paulo, a CIP, a maior e mais influente país. Inicialmente um local destinado aos filhos dos imigrantes recém chegados do horros da 2º Guerra Mundial, conforme a comunidade foi progredindo, o Lar das Crianças passou a destinar sua atenção as famílias carentes, oferencia acesso a estudo, alimentação e cultura geral (especialmente música e artes plásticas).
Portanto, muito do que Israel é hoje também se deve ao conceito de Tzedaká. Judeus de toda a diáspora mandam milhões em ajuda humanitária e apoio a projetos sociais, e daí que foi possível a este país receber, e continuar recendo, milhares de imigrantes todos os anos, ou até mesmo elaborar planos de fuga, como na Operação Moisés, para resgatar judeus etíopes em situação fome, ou oferecer o devido suporte aos mais de 800 mil judeus russos que sairam da União Soviética no momento da dissolução daquele país, no começo dos anos 90.
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