domingo, 13 de agosto de 2017

Violência

Famosa rua Yoel Moshe Salomon, em Jerusalém. Próximo a rua Ben Yehuda
Outro dia, através do Instagram, uma ex aluna minha comentou numa foto noturna em Jerusalém, que eu era corajoso por andar a noite. A suposta coragem, na visão dela, vem da visão do que se enfrenta nas grandes cidades do Brasil.
Lembro dos atentados do PCC em maio 2006, onde a cidade de São Paulo, no começo da noite, parecia uma cidade recém abandonada, sem niguém na rua, pelo medo. Porém, eu quase gargalhei quando me recriminaram por querer passar minhas férias no Rio de Janeiro, como se lá fosse mais perigoso que São Paulo. Convenhamos que quem "sobrevive" a São Paulo, sobreviverá muito bem no Rio de Janeiro. A questão é que no Brasil, apenas quando a violência chega a áreas chamadas nobres (como se ainda vivessemos no Brasil Imperial) ela é noticiada com destaque e há indignação, e por isso o Rio chama mais atenção, pois lá as favelas estão espalhadas no meio da cidade, e não afastado como é em São Paulo. Ou seja, o povo de São Paulo, de onde venho, é um exemplo da limitação de informação que os brasileiros tem. Enxerga apenas no outro um problema, e não em sí mesmo.
Aqui em Israel é dificíl termos casos de roubos a mão armada ou furtos dos mais diversos como ocorrem no Brasil.
Em São Paulo, no onibus, eu vi a garota do banco a frente ter o celular roubado. Sentada ao lado da janela aberta, estava mexendo no aparelho quando um infeliz deu um pulo e o pegou da mão dela. Não houve o que fazer além de ficar indignado com ela. Desde então passei a manter as janelas ligeiramente fechadas ou usar o celular na altura das coxas, pra dificultar a ação da bandidagem.
Isso é algo impensável por aqui! Poder sair de um caixa eletrônico, que aliás, fica voltado para a rua, e contar o dinheiro, é tranquilizador.
Parada para o jantar na cidade Antiga.
É claro que eu sei que não vivo na terra encantada, e que há casos de roubos. Na verdade, há mais furtos do que roubos. Não a toa lojas tem alarmes nas portas, mercearias tem câmeras espalhadas.
A preocupação com a segurança pública aqui é muito maior com relação a possíveis atentados, que diminuiram muito após os controversos muros na fronteira com a Cisjordânia, mas ainda assim, pela falta de informação, meus familiares e amigos ficam preocupados comigo, como se eu estivesse vivendo em meio a uma violência fora de controle. Isto por conta do conflito entre palestinos e Israel. Eu não tenho no momento dados oficiais em mãos, mas se fossemos fazer um paralelo entre as mortes causadas pela violência em Israel e Cisjordânia desde o ano 2000 até julho/2017, e só o ano de 2016 no Brasil, ainda assim o Brasil tem muito mais mortes que uma zona de conflito e disputa de terra como é aqui.
Portanto, mais do que ficar jogando pedras e falando mal da situação no Brasil, o que eu quero é abrir os olhos de você, meu caro leitor, para que procure outras notícias além dos meios de comunicação famosos, para encontrar algo mais moderado a respeito de Israel. Pois da mesma forma que o Brasil não é o que é apresentado no Brasil Urgente ou Cidade Alerta, Israel está longe de ser do que é pintado e bordado na Tv Globo ou Folha de S.Paulo.
As preocupações são válidas, porém quem vive com medo simplesmente não vive. Não se permitirá ter momentos de paz interior e prazer.
Antes de encerrar, lembrei de um documentário bastante interessante, chamado "O mundo segundo os brasileiros", e houve um capítulo específico sobre Jerusalém que me chamou muita atenção. Separei exatamente na parte em que a Sandra Rejwan, uma brasileira que vivem em Israel desde os anos 80, fala um pouco de questões políticas e de violência urbana, de se reconhecer brasileiras andando pelas ruas por estarem abraçadas as suas bolsas, enquanto que os demais andam relaxados, e que o medo aqui não é de locais com pouca gente, como nas minhas andanças em Jerusalém a noite, e sim, locais com aglomeração, pois no caso de um atentado, haverá mais vítimas, o que é do desejo destes monstros chamados de terroristas.


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