segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Dos sabores e desabores da emigração

Sala de desembarque do Aeroporto Ben Gurion (TLV)
Lembro quando comecei a pesquisar com afinco a minha emigração para Israel. A respeito dos motivos escreverei no futuro.
Encontrei blogs a respeito do cotidiano em Israel, canais do Youtube, além de informações oficiais e para oficiais (agências que fornecem ajuda extra, por exemplo, é o que chamo de para oficial).
Lembro também de um amigo em especial, que antes de emigrar do Brasil, veio para Israel através de programas gratuitos ou parcialmente patrocinados para jovens, e ficou encantando. Dizia do fundo do coração o quanto já amava de longe Israel e o quanto passou a amar ainda mais após conhecer.
Eu nunca disse isto a ele, mas eu sempre considerei estranho esse amor todo. Não que ele estivesse mentindo, mas que para mim tinha muito mais a ver com uma visão de turista do que a de um emigrante. Um turista fica hospedo em hotéis, faz passeios diversos, é levado para ver belezas naturais e depois volta para seu lar com muitas recordações. Um emigrante também poderá fazer passeios diversos, mas terá que se adaptar com as condições culturais, meteorológicas e linguísticas daquele local que se tornou seu lar. Terá que trabalhar dentro das condições impostas naquele novo país, e que são diferentes as quais estava habituado.
Depois de vir para cá, fiquei impressionado com a história de um amigo, o qual omitirei o nome, que passou boa parte da adolescência vindo para Israel, e cada vez mais gostando daqui. Até o momento em que, após se formar, resolveu se mudar para cá. Parecia lógico, afinal, era tanto amor envolvido que ele não queria mais se manter distante. Porém, ao chegar e começar a trabalhar, começou a ter más experiências, como ver casos de discriminação étnica e social com outros. Bastaram lhe 6 meses e retornou ao Brasil, embora ele venha para cá pelo menos que 1x ao ano.
Mais do que dar conselhos para quem pensa em emigrar ou imigrar (se não sabe a diferença, leia um dicionário), eu posso dizer algumas coisas da minha experiência:

  • Não acredite integralmente em tudo o que dizem de bom sobre aquele país ao qual você pensa em emigrar. Muito do que é dito é baseado na experiência e percepção pessoal de quem conta;
  • Da mesma forma não acredite em tudo o que dizem de ruim sobre aquele país. em ambos os casos, saiba filtrar o que pode ser ruim e o que pode ser bom. Não espere pelo paraíso, tampouco pelo inferno na Terra;
  • O que dá certo para uns não necessariamente dará certo para você. A vida humana não é um cálculo matemático onde 2+2=4. NÃO! Existe a questão do preparo prévio, o quanto de dinheiro se guardou, o quanto cada um tolera as dificuldades naturais de uma mudança tão brusca quanto essa, etc;
  • Você deve considerar que tudo que imaginou ou planejou pode dar errado. Não é ter uma visão pessimista sobre a vida, mas estar preparado para lidar com o que pode não se realizar (por diversos motivos) e como contornar isto e ser feliz na sua escolha de vida. Por isto, se faça algumas perguntas:
  1. Quanto de dinheiro você levará?
  2. Quanto de dinheiro guardará para o caso de um retorno ao seu país de origem?
  3. E neste caso, já pensou em como se recolocar no mercado de trabalho?
  4. Quem poderá lhe ajudar no exterior?
  5. Quem poderá lhe ajudar desde seu país de origem?
  6. Quais alternativas para o caso de ter problemas de saúde?
  7. Quais vacinas podem ser tomadas antes da partida?
  8. Se você está no meio de um tratamento médico, conseguirá mante lo no exterior?
  9. Que tipo de trabalho alternativo você poderá ter para o momento de adaptação (ou você acha que só é capaz de fazer o que já faz? E se tiverem pessoas mais capazes que você? ou não houver mercado?);
Quando se trata de emigrar, ou imigrar, trate com menos entusiamos e mais pé no chão. Lembro novamente que por mais difícil que esteja a situação politico econômica no Brasil, estamos muito longe da situação na Venezuela, por exemplo. Não vou entrar no mérito imbecil e bitolado do "se o PT estivesse ainda no poder estariamos nesse caminho", ou "A Venezuela está nesta situação por causa do socialismo". Claro que escrevo de forma genérica. Você que está lendo isto é quem sabe das dificuldades e facilidades de sua vida.
Tenha em mente especialmente dos ganhos e das perdas que isto ocasionará. Por exemplo, se no país que você pretende ir a educação é gratuita ou não, se há algum tipo de ranqueamento da qualidade de ensino, quais as possibilidades que você, adulto, terá de ingressar num novo curso universitário.
Lembro de ter visto um documentário a respeito do que encantou aos belgas no Brasil. Um deles disse que o fato de ter 50 anos e poder ingressar numa faculdade foi encantador, pois na Bélgica ele só pode ingressar até os 25 anos!
No caso de Israel, há uma série de videos feitos para o Youtube, chamados "Postcard from Israel" (Cartões Postais de Israel), o que me encantaram num primeiro momento. Mas novamente os alerto a pensarem naquilo que não foi mostrado, no que não foi dito. A trilha sonora também em muito afeta nossa percepção. As pessoas mostram apenas o que querem, por mais bem intensionadas que sejam. Também mostram baseadas em suas experiências. Caberá a você decifrar o que de bom e ruim há por trás e assim estar preparado, se esta for sua vontade, para emigrar com sucesso.
A seguir, um destes videos encantadores de Israel, no bohêmio bairro de Emek Refaim, em Jerusalém:

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