terça-feira, 15 de maio de 2018

Faixa de Gaza

Eu não tinha intenção de abordar questões de conflito militar, mas é quase impossível não aborda las. Israel, antes de ser culpada ou vítima, está no centro nervoso dos noticiários mundiais de conflitos. O peso com que as notícias e o viés com que são noticiados também são de certo modo desproporcionais ao tamanho do conflito e dos envolvidos.
Poderia abordar questões históricas, mas o momento me pede alguns pensamentos a respeito do último conflito, em 2018, onde frequentemente noticiário mostra a morte de diversos civís naquele território.
Há que se observar sempre o ponto de vista de onde vem as notícias e fotografias. Em qualquer local de conflito, se as notícias vierem apenas do lado mais fraco, a tendência é de se mostrar este lado apenas como vítima e o outro apenas como agressor. Historicamente é a forma como o conflito com Israel tem sido retratado, daí as distorções constantes. As agressões vem de ambos os lados, de diversas formas, portanto ambos ferem e saem feridos.
Este último conflito é por conta dos 70 anos da fundação de Israel, onde o grupo terrorista Hamas tem incitado a população de Gaza a tentar invadir o território israelense, numa tentativa de recuperar o que um dia pode ter sido de seus antepassados recentes. E com a recente transferência da Embaixada dos EUA para Jerusalém (inaugurada justamente em 14/05/2018), teria sido o motivo adicional para entrar em conflito.
O primeiro ponto que me chama a atenção é que se é sabido que Israel tem um exercito forte e extremamente preparado, me parece que uma tentativa de invasão se assemelha ao dito popular "dar muro em ponta de faca". Se bem que houveram alguns poucos que conseguiram ultrapassar a fronteira e foram presos em território israelense.
Foto: Reuters - obtida nesta reportagem.
É notório que se utiliza a população inocente e descontente com suas vidas como massa de manobra para se criar um cenário televisivo perfeito para demonstrações de excessos de força, que na minha humilde opinião existe. Ou seja, já se sabe para onde as câmeras estão apontadas e que o jornalismo ali presente está sedento por sangue, afinal, isto vende jornal! Se observarmos fotografias vindas de lá, tecnicamente são muito bem feitas, com iluminação cinematográfica, trazendo muita emoção, o que por outro lado também é discutível até que ponto não é embelezamento da tragédia humana (me refiro a qualquer fotografia de guerra).
Sei o peso da minha escrita, e não a fiz por conhecimento empírico, e sim por ser formado em Comunicação Social, com passagem por um Bacharelado de Jornalismo (inconcluso). Há diversos estudos de mestrado e doutoramento a respeito de diversas forma de abordagem no jornalismo.
Ou seja, há duas peças nessa mesa de xadrez que são fundamentais: o circo midiático e insuflar a população a se atirar contra um dos maiores exercitos do mundo.
Outro ponto que me chama a atenção há anos é que Israel, em especial os governos de direita como de Benjamin Netaniahu, não se dão conta que a cada uso excessivo da força como o fazem em Gaza, ao manterem apenas uma estratégica belicista, contruíbe para a percepção negativa mundial sobre o conflito. Não me refiro que tirar tropas e chamar para bater um papo - este absolutamente não é o momento para isto. Mas insistir numa busca da paz apenas através de ações militares prova, há mais de 70 anos aqui, e séculos mundo a fora, que não funciona. É claro que do lado palestino também há muitos erros, como a valorização da morte para criar a imagem de mártires, incluindo crianças, ao contrário da lei judaica de valorização da vida sob todos os apectos.
Gilberto Gil diz em sua música que "a bomba sobre o Japão fez nascer o Japão da paz". Não é sempre assim, meu caro. Nem tudo se resolve com porrada, tiro e bomba.
Entristece me muito saber que estou em plena segurança, levando uma vida normal como deve ser, enquanto uma população é afligida por diversas formas, como as péssimas escolhas políticas locais e os ataques vindos de fora.
Finalizo esta publicação com o alento de ter parcipado de um protesto pacífico contra o forma como este conflito é conduzido, e compartilho um dos poucos vídeos narrados de maneira neutra, sem tender para nenhum dos lados, embora com algumas imprecisões. Que tenhamos paz. Quem tenham paz!

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