quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Bye bye Putin?

Chama a atenção a quantidade de imigrantes vindos de países da extinta URSS, especialmente Rússia e Ucrânia, aqui em Israel. Desde a queda daquele país e sua abertura política e econômica no início dos anos 90, milhões de russos vieram para Israel em busca de um país melhor para viverem, pois ali estavam privados de demonstrações públicas de religiosidade, além de todas as falhas que o regime soviético causou na vida de muitos. Onde quer que se vá neste país, se escuta russo. No meu caso, ao menos uma vez por dia, praticamente todos os dias.
Olhando para os dados divulgados pelo Banco Mundial realmente é impressionante a melhoria em diversos índices econômicos de Israel, especialmente desde 1960.
Minha amiga americana, de origem parcialmente ucraniana, muitas vezes me disse que muitos dos ucranianos, em especial, vinham para cá para depois abandonarem Israel e entrarem em paises da União Européia, pois os acordos diplomáticos com Israel são mais avançados do que com os países soviétivos, e terem uma vida mais tranquila. E os ucranianos, em geral, tem maior conhecimento de línguas estrangeiras que os russos.
Era uma história que, de certa forma, me custava a acreditar. Até que recentemente eu encontrei uma reportagem compartilhada por outros imigrantes, elaborada pelo jornal Haaretz, que fala exatamente isto, embora trate apenas dos russos e não dos ucranianos.
A reportagem traz a constatação de que muitos judeus que fizeram a chamada "Aliá do Putin" (Imigração do Putin), que foram realizadas após os anos 2000, especialmente após 2010, estão retornando para a Rússia ou indo para outros países, como Alemanha.
Os russos que vieram para cá antes da instituição do movimento Sionista de Hertzel, que deu início as negociações para a Partilha da Palestina em 1947, ou aqueles que receberam autorização especial (de saída) do Kremilin no anos 80, e os que sairam após a queda da União Soviética, vivenciaram um país numa situação socioeconômica muito deteriorada, e encontraram um país com condições de melhorias, embora ainda não fosse a potência econômica que é hoje. Porém, após os governos Yeltsin e Putin, a Rússia teve um crescimento social muito forte e reformas em estruturas decadentes herdadas do período soviético, embora ainda seja um país com diversos gargalos neste quesito, com inflação alta e baixo poder econômico para a maioria da população. Os imigrantes que vieram após a abertura econômica e após o período Yeltsin, portanto, vivenciaram melhores condições na Rússia e tinha expectativas mais altas que os das gerações anteriores.
Depois de ter lido alguma das reclamações na reportagem, considerei muitas delas válidas, porém exageradas em certos casos.
Há que se considerar outro fato, que para fins de imigração para Israel, basta ter um laço parental de até 2º grau, ou seja, seu avô ou avó ser judeu, mesmo que você não seja, terá total direito a imigrar e gozar dos benefícios concedidos. Porém para a Lei judaica (Halachá), é necessário ser filho de mãe judia, ou ter passado por uma conversão, porém em Israel, quem tem força política e religiosa é apenas a ortodoxia, e apenas as conversões realizadas aqui (em instituições ligadas a Rabanut Central) são reconhecidas, o que para muitos imigrantes russos tem gerado problemas de serem reconhecidos como judeus, desde não poderem ser enterrados em cemitérios judaicos, como serem discriminados em empregos onde é necessário ser judeu, como no manuseio de alimentos (para obtenção do atestado de Cashrut, ou seja, de que o alimento foi preparado sob a lei judaica), mas tem se extendido até para serviços como de garçons, que não requerem isto.
Ainda assim, as imigrações vindas da Rússia, em particular, ainda representa cerca de 20% dos imigrantes que chegam todos os anos a Israel.
De todo modo, fiz questão de compartilhar estas reportagens e esta realidade para alertar aos que tem intenções de imigrar para algum país, incluindo Israel, para que se preparem para um plano B, pois sempre é possível se decepcionar com o que encontram, e se trata de um aspecto pessoal. Em qualquer país para o qual se vá sempre se encontrará coisas boas e ruins, porém é necessário ter um grau de tolerância, pois a imigração sempre lhe tirará da sua zona de conforto, e até poder se sentir integrado, leva tempo, e ficar culpando o país para onde se foi não resolverá a questão, pois quem pagará o preço financeiro e psicológico da decepção será você, e não os que ficam, e aquele "instinto" de xingar via redes sociais, por exemplo, em nada ajuda - apenas criará um sentimento de inimizade nada construtivo com a população do país que se deixou.
Obs: O mapa inicial foi desenvolvido pelo jornal Haaretz, e eu apenas traduzi. Notem que eles chamam de Ex União Soviética, porém só consta pintada a Rússia.

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