quinta-feira, 28 de março de 2019

Israel sob ataque

Após 4 anos, as sirenes anti mísseis de Tel Aviv voltaram a funcionar quando 3 foguetes foram lançados desde a Faixa de Gaza. Foi a primeira vez em que eu as escutei sem que fossem para treinamento. Dois foram abatidos no ar, e um caiu numa área desabitada.
O país é constantemente atacado, mesmo após seguidos acordos de cessar fogo com o grupo terrorista Hamas. A primeira cidade que morei aqui, Beer Sheva, tem sido alvo desde o ano de 2018, quando diversas vezes as sirenes por lá tem soado, além de um foguete tendo atingido o quintal de uma residência.
A princípio, por ser o centro econômico do país, a área com maior concentração populacional e ter uma das centrais de comando do Exercito, a região é muito protegida. Por estar mais distante, é também de mais difícil alcance, embora há tempos os foguetes estejam chegando perto, como na cidade vizinha ao sul, Bat Yam, além do litoral.
Eu assistia a TV quando as sirenes soaram em torno das 21:00 hora local. Fui para a escadaria, conforme procedimento de segurança, e lá fiquei cerca de 2 minutos após o final do soar.
Obviamente eu não estava calmo (longe de estar desesperado), mas várias reações ao meu redor me acalmaram e me fizeram bem. A primeira e providencial foi a presença de um nativo aqui, que manteve se calmo o tempo inteiro, de modo muito natural, e voltando a assistir TV assim que as sirenes pararam.
Prefeitura de Sderot: Prefeitura de Tel Aviv, um pouco de barulho pressionou vocês? Estão convidados para aos "abrigos" junto a nós, evento vip e hospedagem testadas.
As piadas que começaram a vir a tona assim que as sirenes pararam, como e de que um foguete não parou em Tel Aviv pois não tinha onde estacionar (a falta de vagas aqui é um problema sério); o departamento de comunicação de diversas cidades, incluindo a de Tel Aviv, continuaram com seus comunicados em forma de piada, como por exemplo, a da cidade de Sderot, conforme a imagem a cima, uma das cidades mais atingidas por foguetes devido a proximidade com a Faixa de Gaza.
Iron Dom em ação em Tel Aviv. Foto: Tom Gott
Parece piada de mau gosto, mas a questão é que independentemente do que aconteceu ou acontecerá, a vida segue seu rumo e o melhor (assim espero) está por vir. A vida sem graça não é uma vida válida de ser vivida, e viver desesperado com fatos que estão além do nosso poder de controle a tona insuportável, e justamente o oposto demonstra a resistência dos judeus diante de tamanhas agressões recebidas há milênios. E as piadas são marca registradas, não apenas de Israel, de Tel Aviv, como de toda a comunidade judaica mundial. Aqui um video, em hebraico, da reação que muitos tem ao escutar as sirenes - claro que é exagerado e não recomendado tais reações, mas até situações de guerra são motivos de piadas:

Não é uma situação de guerra o que se vive aqui. Também não estou aqui para dizer que somos um bando de coitados e sofredores, que nada de mau fizemos e que somos apenas vítimas das circunstâncias, mas um grupo que em muito defende que só tem pedras para se defender, que vivem em estado de imensa pobreza, de onde vem "tais pedras" que voam quilômetros de distância?
De todo modo, estamos muito bem, e a segurança pelas ruas, marca registrada aqui, continua muito boa. Nestes quase 2 anos morando aqui, acompanhei apenas 4 casos de assaltos nas ruas, sendo dois em Beer Sheva e dois assaltos em Tel Aviv. É obvio que tem mais, mas estes chamaram a atenção, e de todo modo, onde quer que andemos, andamos tranquilos de que muito raramente seremos importunados, e também por este motivo, não tenho por que deixar Israel.
Fiquei bastante intrigado com as observações feitas por uma israelense de origem brasileira, há 40 anos morando em Israel, e as relações deste ataque com as eleições, e também com futuros eventos, como a Eurovision.

"O Hamás ficou preocupado com a possibilidade do Bibi não ser eleito e decidiu usar o velho recurso, que comprovadamente funciona: ataques terroristas às vésperas de eleições em Israel. EU NÃO ESTOU DIZENDO QUE FOI O BIBI QUE PEDIU O ATAQUE - mas ele se beneficia eleitoralmente. A população fica com raiva e se volta para a direita.
Por que o Hamás quer que o Bibi vença as eleições?
1) Porque com o Bibi não há chance de haver negociações para a criação de um estado palestino - e eu, você e toda a torcida do Flamengo sabemos que eles não querem ter um estado.
2) O mundo ocidental não gosta do Bibi - e assim o Hamás ganha a simpatia do mundo ocidental sem precisar fazer nenhum esforço.
3) Sem terem um estado, o mundo ocidental continua despejando dinheiro a rodo sobre os palestinos - dinheiro que, evidentemente, vai parar no bolso dos líderes corruptos e não é usado para aliviar a miséria verdadeira do povo.
4) Há ainda um motivo interno - hoje houve uma enorme manifestação em Gaza contra o Hamás, por causa da difícil situação econômica em que vive o povo. Atacando o centro de Israel, Tsahal responde, e o povo de lá desvia a raiva contra Israel."
Judite Orensztein

2 anos longe de muitos, mais perto de mim.

Já pararam para pensar que a vida de uma pessoa é como um livro, escrito em tempo real? Felizmente, ou não, jamais teremos acesso a totali...