Obtido junto ao Wikipedia. Autor: Michael Netzer |
Teoricamente a cidade foi reunificada em 1967, quando estava divida entre Israel e Jordânia, que ocupava os territórios palestinos (daí a origem do nome Cisjordânia na língua portuguesa). Digo que foi teoricamente reunificada pois embora a circulação em toda a cidade seja livre, judeus israelenses dificilmente se sentem seguros em caminhar na porção oriental da cidade, com exceção ao Monte das Oliveiras e Universidade Hebraica, e da vez que eu fui, estava sob proteção de segurança particular, e na região norte da cidade é possível visualizar parte dos muros de separação, que embora sejam uma vergonha na política externa de Israel, também diminuiram em muito os atentados com homens bomba em toda Israel. Neste momento eu não tenho conhecimento suficiente para abordar sobre esta e outras polêmicas, e por isto vou me dedicar apenas a Cidade Velha no momento.
Portão de Jaffa |
Como há muito a descrever de Jerusalém, vou me dedicar a questões práticas de turismo:
Embora seja uma cidade religiosa, não implica em fazer turísmo religioso. O pano de fundo de muito do que há na cidade envolve a religião, porém também num aspecto muito mais histórico do que propriamente de rezas ou afins.
A Cidade Velha, ou Cidade Antiga, é uma área murada de aproximadamente 1 km², onde se concentram 4 bairros, sendo o Cristão, que está sob controle do Patriarcado Católico Ortodoxo Grego, entre os portões de Jaffa e Damasco, quarteirão muçulmano, nos portões de Damasco e Leão, avançando até a entrada da esplanada das mesquitas, ou Monte do Templo, o bairro judaico, que fica ao lado do Monte do Templo, e avança entre os portões de Detritos (Dung) e Zion, e o bairro armênio, que embora também seja cristão, tem o seu próprio patriarcado, e vai desde o Portão de Zion até o de Jaffa.
Fonte no Muristan, ao lado da Igreja do Santo Sepulcro |
Dentro da Cidade Velha não há apenas comércio, bares e restaurantes e pontos de adoração religiosa. Há hotéis, albergues, museus, além de residências. Sim, há pessoas que moram nos quatro cantos da Cidade Velha.
E embora haja esta divisão, isto não impede que qualquer pessoa cruze por seus espaços públicos, sendo muito comum judeus andarem no quarteirão muçulmano, muçulmanos no quarteirão cristão, e assim por diante, além dos milhares de turistas que circulam diariamente.
O quarteirão Armêno é o mais inacessível de todos, tendo pouco comércio, pois a maior parte dele é um Monastério, Seminário e um cemitério.
Rua São Dimitrius |
O quarteirão muçulmano é o maior e o mais cheio de comércio, assim como pequenas mesquitas de fácil acesso - embora neste caso eu recomende perguntar se é possível acompanhar uma reza, se for da sua vontade, e quais regras devem ser seguidas para manter o respeito. O acesso a Esplanada das Mesquitas é proibido apenas a judeus, para evitar possíveis provocações, e ainda assim, a recomendação judaica é de judeus não transitarem ali, pois eventualmente circulariam sobre o local onde estava o Santo dos Santos (Kodesh Hakodashim), que era local de acesso restrito aos Sumo Sacerdostes e Levitas. A visita de turistas não judeus, até onde eu saiba, é liberada, porém aconselho discrição nas roupas tanto para homens como mulheres, que alias, talvez tenham que usar um véu para cobrir os cabelos.
Comércio próximo ao Portão de Damasco |
Tranquilidade pré Shabat na rua Habad |
Obviamente é pelo quarteirão judaico que se acessa o Muro Ocidental, através de 4 check points, onde todos passarão por diversas câmeras de reconhecimento facial, incluindo algumas escondidas, detectores de metais e bolsas e mochilas passarão por detectores a base de raio X, podendo ainda serem checados manualmente na sua frente.
É difícil dizer se há algum dos quarteirões que não possua algo de sagrado de outro grupo religioso. Por exemplo, no quarteirão cristão, há mesquitas, o local mais sagrado do judaísmo, o Monte do Tempo, está sob domínio muçulmano do Reino da Jordânia, pois sobre eles estão a Cúpula da Rocha e a mesquita de Al-Aqsa. No quarteirão judaico há mesquitas desativadas. No quarteirão muçulmano há tanto o convento Ecce Homo, como a igreja de Santa Anna.
Clima bastante descontraído na praça Hurba, próximo ao Muro. |
É portanto, um local que vale a pena gastar pelo menos um dia inteiro de caminhadas entre os Portões, "se perder" ali dentro. Pra mim, a sensação de estar pisando em mais de 3 mil anos de história é de uma emoção indescritível.
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